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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ESTIGMATAS - LARA AMARAL


imagem anja millen


Alguém na vizinhança dá à luz uma menina. Sei pelo choro estridente – som de arrancar ouvidos – de quem é torturado. Mulheres já nascem histéricas, sangrando pelos orifícios. São violentadas pelos anjos que as velam. Vêm ao mundo inflamáveis, aptas ao estiramento das fogueiras. Mal crescem, são costurados os pequenos e grandes lábios. Educadas para sofrerem caladas, para serem abusadas com rumor de prazer e sufocando o pranto. Treinadas para vestirem-se de forma apropriada, mas deixando margem para serem comidas por cabeças acéfalas. O choro agonizante da menina: o canto da foice ... Antes de romper o útero, mulheres já vêm com a premonição – afogadas no próprio líquido amniótico, aceleram a desintegração de seus corpos, elevam a alto grau suas almas de quebranto – arreganhando seus estigmas. Ai delas se não aprendem, desde cedo, a fazer do coração, tripas.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

PEDRA - BRUNO MACHADO


imagem paulo paulauska


Eu era um homem dividido. Caso ou troco de carro? Aquele seria o meu lugar?  Pedi um sinal de confirmação que veio em forma de aflição, a melhor das dores. Confundiu ainda mais, fez do avesso o que era seco e certo. Quem dera pudesse tomar um porre daqueles, de decepar a inquietação. Entregar tudo o que tenho e sou num jorro que deixaria marca indelével em seu rosto e lábios. Divido-me em dois. Em mil e um compartimentos. Meio gente, meio bicho e com um ego enorme que induz à indecência.
O pó da pedra envergonhou o sol. É uma segunda-feira opaca, ela disse. Para ele eu minto, para você digo a verdade, ela disse. Aceite sua parcela de sofrimento, pois eu não posso o fazer pelos três, ela disse.  Eu tentei entender tudo: a noção de tempo incomum, o “breve” que nunca chegava, o apego ferrenho a utopias enquanto o real ia para o buraco. Tentei.
Então, veio o choro dela, o choro do outro e o choro, a mágoa e a maldade da outra. Conversinhas, maledicências, acusações. Silêncios prolongados. Culpa. A sombra de outros dias abalou minha convicção.

Troquei de carro, em parcelas a perder de vista.

domingo, 1 de setembro de 2013

ZAPPA-LÓTUS-LAZULIS – GUILHERME JUNQUEIRA



imagem guilherme junqueira

a ninfa de são paulo se desfaz em horrenda cila, mas florescem zappa-lótus-lazulis nos 

bueiros, e ávida, a fada vai se fazendo flora da cidade, bem como fazem as flores travestis da

rêgo-freitas e ervas venenosas, cigarros hollywood, high hills e cílios postiços navegam 

soberanos por águas circes

MÁRMORE - CONSTANZA MUIRIN


Charitable Death by Ronald Ray

Homens já houve contemplados de mimos e impérios
com losangos e extremidades de pérola de mármores espelhados
e montanhas cobertas de rosas negras nos pés
e casacos nocturnos com rasgos de nuvens de luar
em catalepsias de insónias vigilantes inteiras e íntimas
que as palavras inexistiam em prol de gestos circulares de silêncio
ulteriores sorrisos breves
crisálidas suspensas como pingos em amplas praças
ecos murmurados de silhuetas esguias que divagavam
sombras crepusculares aristocratas de gelo
com suas enluvadas almas uníssonas ao lado


recordados da infância ulterior
até à obra não criada
estendido humildemente o abraço à saudade do porvir
sobre todas as razões concretas sobre todos os homens concretos
declarados
exactos
tão inacabados

BARCOS EM ANTONINA - RAFAEL AZEVEDO


Objetivo - evidenciar o contraste entre a natureza e a intervenção humana, na forma de 

ruinas pichadas em contato com o mar.



SINAIS - MÁRIO BORTOLLOTO



Estou com 50 anos. Faço 51 em breve. Desde os 40 eu me sinto muito velho. Mas você percebe os sinais cada vez mais evidentes. Entendam que eu agora tenho um teatro com mais três sócios. Dois deles são bem jovens (para os meus padrões): Basa e Carcarah. E eles são empolgados. Eu chego no teatro e tá rolando música muito alta. Os dois têm bom gosto. Na maior parte das vezes a música é muito boa (se eu ainda tivesse 20 anos de idade – ou 22 – com exceção de uns negócios que o Carcarah colocou noite dessas que tava foda) e eles gostam de ouvir a música bem alta. Eu sento lá fora com uma taça de vinho e fico tranqüilo. Mas teve uma noite que o Carcarah colocou uma seleção de jazz da  antiga. Berrei do fundo do teatro com meu entusiasmo senil: “Porra, é isso aí. Eu ficaria ouvindo isso a madrugada inteira”. Sinais. Tava agora a pouco comprando discos de blues e rock na minha loja preferida para tal atividade. Eu separo uma porrada de discos que não conheço e ele vai colocando as primeiras faixas pra mim. Não precisa mais do que isso. Aliás, nos primeiros acordes eu já sei se me interessa ou não. Mas ele sempre me mostra entusiasmado alguns discos. Mas de uns tempos pra cá, é simples, ao primeiro sinal de distorção na guitarra eu já resmungo: “Não, pelo amor de Deus, tira isso aí, não aguento mais guitarra distorcida e vocalista que canta com voz estridente”. Ele sorri compreensivo, saca um clássico do Willie Dixon e acena pra mim. Eu respondo: “Esse não precisa tocar, né? Coloca na pilha”. Saio da loja satisfeito (“feliz” jamais. Na idade que eu tô, é até um insulto me considerar “feliz” mesmo que seja por uma fração de segundo – ninguém é feliz aos 20 anos, mas você ainda pode acreditar – ninguém é feliz aos 50 e não falemos mais sobre isso). Sinais. Essa vontade de morar num lugar mais amplo onde eu possa ter uma cozinha (Caramba – eu sonho todos os dias com uma cozinha) e ficar lá de madrugada sentado sozinho ouvindo um soul e bebendo uma dose de whisky – nas madrugadas menos afortunadas pode ser um chocolate quente. Sinais. Viajar de trem por cidades da Europa, olhar pela janela e ter a impressão de que todas as cidades são iguais. Talvez elas sejam. Chegar a nenhum lugar específico e pré-determinado. Sentar num café na frente de uma antiga igreja. Sinais. E você nota que está mesmo muito velho quando um festival de teatro resolve que você vai ser o homenageado. A idade em que os seus olhos não buscam mais o inalcançável, mas apenas o tátil, o possível.

sábado, 31 de agosto de 2013

OLIVERIO GIRONDO, O POETA DO TRÁGICO PARADOXO




Claudio Daniel

Oliverio Girondo (1891-1967) foi um dos principais renovadores da poesia latino-americana do século XX, ao lado do peruano César Vallejo, do chileno Vicente Huidobro e do brasileiro Oswald de Andrade. Sua obra, que une a tradição da lírica espanhola às conquistas da vanguarda, a linguagem do homem comum à erudição do filólogo, o sentimento nacional à consciência cosmopolita, está situada na mesma zona de in­surgência do Modernismo de 1922, e sua leitura é um estímulo à descoberta de novas fronteiras para além da linguagem dita “poética”. No Brasil, no entanto, a obra de Girondo permaneceu inédita ao longo de setenta anos, um déficit que se deve, em parte, ao fato de o eixo São Paulo/Rio de Janeiro estar mais próximo de Paris e Nova York do que de Buenos Aires, Lima e Santiago. Esse isolamento cultural, apartheid entre a língua de Camões e a de Góngora, foi desafiado, no entanto, por alguns de nossos melhores poetas.

Mário de Andrade, em 1927/28, publicou, no Diário Nacional, uma série de artigos sobre literatura argentina, destacando Oliverio Girondo  e o grupo da revista Martín Fierro. Em seus artigos, Mário fez considerações sobre Veinte poemas para ser leídos en el tranvía, de Girondo, e reproduziu o poema Otro nocturno. Em 1943, Oswald de Andrade encontrou-se com seu colega argentino quando este visitava o Brasil, acompanhado por sua mulher, Norah Lange. Em Ponta de lança, Oswald cita Girondo como um dos "mosqueteiros de 22" e pondera: "Outro seria o panorama americano se conhecêssemos melhor as letras que  produzimos". Po­rém, somente a partir dos anos 70, quando Augusto e Haroldo de Campos publica­ram traduções de El puro no, Plexilio e Hay que buscarlo no nº 2 da revista Qorpo estranho que os jovens poetas brasileiros afinados com a vanguarda tomaram co­nhecimento da obra girondiana. Devemos citar também Jorge Schwartz, cujo livro Vanguarda e cosmopolitismo faz uma importante análise da obra do poeta; e Régis Bonvicino, que publicou em 1995 A pupila do zero, com a tradução na íntegra de En la masmédula, de Girondo — obra capital desse autor insólito.


Um poeta a bordo do século XX

Oliverio Girondo nasceu em 17 de agosto de 1891 em Buenos Aires. Seus pais, Juan Girondo e Josefa Uriburu, o levaram à Europa  pela primeira vez em 1900, para visitar a Exposição Universal, e nos anos seguintes o poeta fez parte de seus estudos no Liceu Louis le Grand (França) e no Epsom College (Inglaterra). De volta à terra natal, formou-se em Direito. Na juventude, Girondo leu, sobretudo, poetas franceses — Baudelaire, Mallarmé, Rimbaud — e o nicaraguense Ruben Darío, que influenciou toda a moderna poesia de língua espanhola. Com um grupo de amigos, Gi­rondo criou, em 1911, a revista literária Comoedia, e quatro anos mais tarde sua peça La Madrasta (escrita em parceria com René Zapata Quesada)  estreou no Teatro Apolo, em Buenos Aires. Os jornais da época noticiavam, então, dois acontecimentos que agitavam a Europa: a eclosão da I Guerra Mundial e a repercussão do Manifesto futurista, de Marinetti, publicado em 1909 no jornal Figaro, que desencadeou, nos anos seguintes, diversos manifestos e tendências de vanguarda. Os poetas e intelectuais argentinos, que se reuniam nos bares e cafés para discutir as novas idéias estéticas, entusiasmados por autores como Blaise Cendrars, Max Jacob, Apollinaire, logo criaram um movimento: o ultraísmo, liderado então por Jorge Luis Borges. Surgiam revistas, como Proa e Martín Fierro, que divulgavam as propostas vanguardistas e revelavam os jovens autores. Sob a influência da "nova sensibilidade" dessa geração, Girondo escreveu Veinte poemas para ser leídos en el tranvía, publicado em 1922, em Argenteuil, França. O humor, a sensualidade e o exotismo das imagens cubistas predominam neste livro de impressões de viagens, que tem ecos de Blaise Cendrars e é contemporâneo de Trilce, de César Vallejo, e de Paulicéia desvairada, de Mário de Andrade. A abertura do poema Croquis na areia é uma boa amostra da técnica de colagem que Girondo utilizou nesse livro:


A manhã passeia na praia polvilhada de sol.
Braços.
Pernas amputadas.
Corpos que se reintegram.
Cabeças flutuantes de borracha.


É a época em que Eisenstein fazia experiências de montagem cinematográfica a partir do estudo dos ideogramas chineses, das colagens cubistas em pintura, do desenvolvimento de novas técnicas de fotografia e de peças musicais como A história do soldado, de Igor Stravinski. Mais adiante, o poema diz:
  
    Por oitenta centavos, os fotógrafos vendem os os corpos das mulheres que se banham. Há quiosques que  exploram a dramaticidade das ondas que se quebram. Criadas chocas. Sifões irascíveis, com extrato de mar. Rochas com peitos algosos  de marinheiros e corações pintados de esgrimista.

Este poema, como observou Jorge Schwartz em Vanguarda e cosmopolitismo, é um retrato crítico  do kitsch, do cartão-postal, do baedecker de turista, indicando, pela paródia, a banalidade do "belo" das imagens paradisíacas, convertidas em objetos de consumo. O mesmo enfoque se encontra nos romances de invenção de Oswald de Andrade e na poesia "pau-brasil", com os quais há notáveis semelhanças estilís­ticas.


O barroco e o simbolismo em Girondo

 Calcomanías (1925), o segundo livro de Girondo, retrata de modo carnavalizado a Espanha católica e agrária pré-guerra civil e é, segundo Schwartz, uma "declaração de independência" das letras argentinas. Cabe ressaltar, porém, que, apesar das influências francesas e do sarcasmo contra a ex-metrópole, Girondo permaneceu um herdeiro do barroco espanhol e, em particular, de Quevedo. O barroco está presente no exagero metafórico, na mescla de palavras cultas e chulas, na retórica transbordante, nas imagens a la Goya e no tom picaresco. O retrato do quotidiano em Calcomanías mescla realismo e humor, como nessas passagens de Calle de las sierpes: “Cobertos em suas capas, como toureiros, / os padres entram nas barbearias / a embelezar-se em quatrocentos espelhos por vez / e quando saem às ruas já têm uma barba de três dias. (...) A cada duzentos e quarenta e sete homens, / trezentos e doze padres / e duzentos e noventa e três soldados / passa uma mulher”.

Espantapájaros (1932) é uma obra singular da primeira fase de Girondo. O livro é constituído de poemas em prosa, numerados, sem uma sequência narrativa, enfocando basicamente o amor, a morte e o anseio de fuga, de "transmigrar", numa linguagem que só raramente, no caligrama-prefácio, nos jogos paronomásicos, no cultismo polifônico, lembra o Girondo posterior, do experimentalismo construtivo. Espantapájaros reflete também a influência de dois poemas em prosa da literatura maudite francesa: Une saison en enfer, de Rimbaud, e Les chants de Maldoror, de Lautréamont. (Nesta mesma linha, aliás, se insere Temblor de cielo, publicado em 1931 pelo chileno Vicente Huidobro.) Citaremos, como ilustração, um fragmento:

     Que tua família se divirta em deformar teu esqueleto para que os espelhos, ao mirar-te, se suicidem de repugnância; que teu único  entretenimento consista em instalar-te na sala de espera dos dentistas, disfarçado de crocodilo, e que te apaixones tão loucamente por uma caixa de ferro que não possas deixar, nem um só instante, de lamber-lhe a fechadura.

Interlúnio (l937) é o final tranqüilo da primeira fase de Girondo, marcado pelo oti­mismo inicial do século XX, a era das máquinas, das invenções e da utopia socialis­ta. Não era apenas a estética que os vanguardistas pretendiam transformar, mas a sociedade e o próprio homem. Como assinalou Mário Faustino em Poesia-experiência, o sonho da modernidade era unir o "mudar a vida" de Rimbaud ao "mudar o mundo" de Marx e, para isso, eram necessários novos meios de expres­são. Em Girondo, esse otimismo é manifestado sobretudo pela idéia de solidarie­dade, como notou Enrique Molina (Hacia el fuego central, em Obras de Oliverio Gi­rondo). O desejo de identificação com o mundo é uma das características básicas da poesia moderna, antecipado em Leaves of grass, de Whitman, e teve resso­nâncias em poetas tão diversos como Drummond, Neruda e Maiakóvski. O otimismo dos anos 20, porém, foi abalado pelos desvios da Revolução Russa, em especial após a ascen­são de Stalin, pelo surgimento do nazifascismo, pelo crash da Bolsa de Nova York, e entrou em colapso com a II Guerra Mundial.Persuasión de los días (l942) é, por essa razão, uma obra de ruptura e o começo de uma nova fase.


A geometria da composição

Conforme Enrique Molina, "já não são agora os movimentos e os significados do sonho e a imaginação que se impõem, mas um sentimento de náusea. (...) A visão de um mundo degradado pela miséria social e pela miséria de espírito". A poesia de Girondo torna-se mais concisa, com imagens exatas, sonoridades raras e uma preocupação geométrica com a arquitetura do poema. As influências iniciais, do cubismo e do surrealismo, parecem ceder lugar a um construtivismo a la Maliévitch. Nesta obra o poeta conserva o tom coloquial, retórico — e colérico — de sua prosódia, em brados de protesto como Es la baba e Azotadme!, poemas que foram escritos para ser lidos em voz alta, como A plenos pulmões, de Maiakóvski. A visão atormentada do poeta, sua solidão e o sentimento de impotência frente aos fatos do mundo têm como poema-símbolo a composição Areia: “De areia o horizonte. / O destino de areia. / De areia os caminhos. / O cansaço de areia. / De areia as palavras. / O silêncio de areia.”

Persuasión de los días, com toda sua beleza e ousadia, é apenas o prelúdio à re­volução de En la masmédula (1954-56), a obra culminante de Girondo, em que seu experimentalismo radical se aproxima da prosa de James Joyce e da poesia concre­ta dos anos 50 num mesmo grau de radioatividade poética. A estranheza da obra começa pelo título: o que é "masmédula"? Não é fácil saber, em se tratando de um autor que fazia do paradoxo o seu método. Nesse livro desconcertante, agressivo, cheio de energia e plasticidade, Girondo utiliza um arsenal linguístico que o coloca entre os maiores inventores de poesia em língua espanhola. O livro, gravado em LP nos anos 60 por Arturo Cuadrado e Carlos A. Mazzanti, é um dos emblemas do trágico paradoxo da América Latina que, exportadora de matérias-primas e importadora de manufaturados, produz, apesar disso, alta tecnologia poética.

En la masmédula é um labirinto, ou, para citar uma imagem borgeana, uma série infinita de labirintos, em que a linguagem é levada a seus limites, rompendo barrei­ras do próprio idioma e da dicção. Esta obra não pode ser vista apenas como o re­sultado de equações estético-formais; trata-se de um longo monólogo, dividido em fragmentos, cujo centro temático é a viagem — não o deslocamento geográfico-es­pacial, mas a jornada interior rumo às entranhas da melancolia e dos pesadelos de um homem fatigado pelos dissabores da existência. Neste sentido, o paralelo possí­vel é com oEscaravelho de Ouro, de Oswald de Andrade, e com a filosofia de Sartre e Camus.

Girondo passou os últimos anos de sua vida ao lado da mulher, Norah Lange. Após conhecer a Europa, os Estados Unidos e Oriente Médio, passou a viajar com mais freqüência pela América Latina, tendo se encontrado com Pablo Neruda, no Chile, e com Oswald de Andrade, no Brasil. A pintura foi sua grande paixão. Em sua juventude, escreveu um ensaio, Pintura moderna, em que fez o elogio de Cézanne, Picasso, Matisse. Pouco antes de morrer, pintava quadros de inspiração surrealista. O cronópio Oliverio Gi­rondo — aristocrata esnobe, homem bem-humorado, provocador e ferino, morreu em 24 de janeiro de 1967, aos 76 anos, em Buenos Aires.